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terça-feira, agosto 06, 2002
Diga-me onde moras... Se você não vive em São Paulo, talvez não desconfie do quanto tem sorte. Vivo em meio à maior concentração por metro quadrado jamais vista na terra de pessoas mal-educadas; impressiona demais a capacidade do paulistano de incomodar seu semelhante. Sair de casa é cada vez mais uma experiência penosa, árdua, exigindo paciência e bom humor inesgotáveis. Não importa se você sair a pé ou de carro, se está num BMW ou num Fusca, se vai atravessar a cidade ou só até a esquina; o aborrecimento é garantido. Dentro de restaurantes e estabelecimentos comerciais, a insânia prossegue. O ato de se "pedir licença" para qualquer coisa há muito já caiu em desuso, e cada vez menos ouve-se o "por favor" e "obrigado". Filas quase nunca contam, ordem de chegada no balcão muito menos. Todos são inimigos em potencial, pessoas a serem enxovalhadas para fora do caminho, de preferência com o menor esforço possível. De volta ao trânsito (e há como escapar dele?), as buzinas são disparadas por todo e qualquer motivo, e as faixas de pedestres não passam de um toque a mais na feiúra mais e mais uniforme em meio à paisagem urbana. Todos, sem exceção, comportam-se como psicopatas ensandecidos no trânsito, a partir do momento em que sentam no volante: desde "humildes e sofridos" baianos, muitos dos quais aparentemente ainda não assimilaram os valores mais básicos da civilização européia - e que somente por terem pego cinco ou mais conduções às 4 da manhã ou terem dirigido um ônibus durante o dia inteiro não tem o menor direito de transformar minha vida num inferno - às madames nos quais todos adoraríamos dar um belo murro nos dentes, ou seus filhinhos "playboys", correndo como loucos e jogando suas caminhonetes gigantescas em cima da faixa de pedestres, ultrapassando pelos acostamentos, desprezíveis retratos, literalmente escarrados, da elite do país.
E é por isso que nada me surpreende mais do que aquele paulistano que reclama, todo pimpão, quando volta de Paris: "Mas como são mal-educados esses parisienses!"