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domingo, agosto 11, 2002
Uma revista que é a cara do Brasil Excelente a última coluna do Diogo Mainardi, na Veja de hoje. Merece ser lida por qualquer um que já tenha percebido a tolice do "mundinho" cultural, brazuca ou não. Diogo começa a sua coluna citando várias capas de cadernos culturais para demonstrar, irrefutavelmente, a meu ver, como esse meio é o mais pobre, irrelevante e fútil que existe. Agora, é engraçado notar que ele escreve pra uma revista que quase sempre é ela própria a mais pobre, irrelevante e fútil que existe. Não só do Brasil, como do mundo. Tomo a liberdade de plagiá-lo, e o faço citando outras matérias, "vizinhas" da coluna do Mainardi - começando pela capa.
"E você... tem carisma? Costuma-se vincular carisma a grandes líderes, mas todos podem desenvolver o talento de influenciar pessoas - até mesmo candidatos a presidente"
"Homens e ricos têm mais chance - O sucesso em abandonar o vício do cigarro depende do sexo e da condição social"
"Um só, mas poderoso - O brinco grande de uma orelha é lindo - pra quem pode usar"
"O parceiro certo para sua corrida - Peso, ventilação, amortecimento e até hora da compra fazem diferença na escolha do tênis"
"Queijo e vinho - Ou vice-versa. É fácil combinar esses sabores"
"Mamma mia! A Rede Globo corrige os rumos de Esperança. Mas videocassetada não estava no script"
"Bateu, levou - Em Nunca Mais, Jennifer Lopez propõe uma saída polêmica para o problema da violência doméstica"
"B de bacana - Malditas Aranhas! é um trash bastante divertido"
"De olhos bem abertos - Al Pacino é o homem bom que dorme mal em Insônia, o novo feito do diretor Chris Nolan"
"Os frutos do bem - Atenção para o nome de Maria Lúcia dal Farra: ninguém no Brasil é melhor poeta que ela"
Há ainda uma matéria sobre os candidatos a presidente, que analisa a imagem que eles passam quando se tira o som da TV (!) e a opinião de crianças de 9 a 12 anos, que foram convidadas a fazer colagens sobre eles (!!). Noutra, Ciro Gomes e José Serra são chamados de "Ciróquio" e "Serróquio", num dos trocadilhos mais óbvios e idiotas que já tive o desprazer de topar. De resto, Veja centra-se no umbigo eleitoral brasileiro, e não levanta a cabeça dali, como um avestruz retardado. Procure outra grande revista internacional, examine suas principais notícias - e não encontrará nada sobre esse assunto na Veja. Guerra no Oriente Médio? Nada. Situação do Afeganistão? Neca de pitibiriba. Uma possível invasão do Iraque? As enchentes e tempestades que assolaram a Europa? A epidemia que mosquitos africanos vêm causando nos EUA? Nothing, niente, rien. Nichts. Tudo o que se fala no mundo é solenemente ignorado pelos seus jornalistinhas.
Mas não estou dizendo tudo isso pra falar mal. Muito pelo contrário; a Veja é perfeita pro Brasil - afinal, nenhum dos dois pode ser levado a sério.