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domingo, agosto 08, 2004
Marg bar Amrika! É assustador observar a intensidade insana com que algumas pessoas aqui no Brasil, inclusive muitos amigos meus, têm manifestado abertamente seu ódio aos Estados Unidos e aos americanos. Claro, enquanto, paradoxalmente, adotam com mais e mais voracidade valores e costumes de lá. A se julgar pela opinião dessas pessoas - muitas delas nunca tendo sequer conhecido pessoalmente um americano - os "iânques" seriam todos pessoas terríveis, caipiras arrogantes, racistas, burros e folgados com enorme desprezo qualquer pessoa ou coisa estrangeira, descrição que, curiosamente, não pôde ser aplicada a nenhum americano (a, como não!) que eu tenha conhecido ao longo de minha vida. Criticam com a maior naturalidade os americanos por terem uma suposta falta de educação e cultura, e um "provincianismo", tentando impingir nos gringos qualidades que poderiam perfeitamente ser aplicadas a nós mesmos, e a tantas outras nacionalidades pelo mundo afora. Mas claro, "nós, enquanto terceiro mundo", temos sempre desculpa para ser assim - afinal, fomos e ainda somos explorados, saqueados, humilhados pelos países poderosos. Há sempre uma resposta na ponta da língua em meio à espuma hidrófoba do ódio.
Tentar lembrá-los da óbvia influência cultural que os americanos exercem - irreversivelmente, diga-se de passagem - sobre o mundo para eles é inútil; ressaltar a importância dos vários legados que a "civilização americana" deixou ao mundo é impossível. Tudo dos EUA é visto como digno de ser esculhambado, de maneira vulgar e superficial, por qualquer um, sem qualquer análise crítica. É um pouco como ver, over and over - ad nauseam - aquele sketch do Monty Python na Vida de Brian sobre as vantagens que os romanos trouxeram para a Judéia. Depois de um tempo perde a graça.
E tudo isso é absolutamente inexplicável. É um ódio irracional. Essas pessoas odeiam os EUA simplesmente por odiar, não há uma motivação racional por trás deste ódio. Tenho quase certeza que a motivação que faz suas bocas proferirem tais sandices são as mesmas que levaram as mãos de alguns alemães a fazerem o que fizeram na Kristallnacht. Como se o que leva algumas pessoas a odiar tanto, e tão sem motivo, os americanos venha desse mesmo instinto básico que talvez tenhamos, e aos quais os mais fracos de espírito ocasionalmente sucumbem, aquele mesmo instinto que fez com que por exemplo os alemães trucidassem os judeus, e que faz com que tantos outros povos odeiem-se uns aos outros desde tempos imemoriais. Alguma necessidade primeva, obscura do ser humano de direcionar seu ódio, seu instinto de destruição, a algum bode expiatório em particular.
Somos seres repulsivos. Bom, alguns de nós são, pelo menos.