quarta-feira, outubro 06, 2004

A descriminalizacao dos criminosos
Tenho ouvido falar que vao soltar aquele tal Champinha, que assassinou com brutal crueldade (e por puro sadismo) um casal de adolescentes que acampava no interior de Sao Paulo; e como nao tivesse ouvido nem lido nada a respeito em jornais e canais de televisao, sai' dando uma googlada em busca de maiores informacoes sobre o assunto. Acabei achando um dos textos mais imbecis e canalhas que ja' li - e exatamente por esta sua canalhice, dos mais assustadores com que tive o desprazer de topar nessas minhas andancas pelo submundo do Google. Uma fulana chamada Claudia Rodrigues, apresentada como jornalista (que me perdoem os genuinos representantes da profissao) escreve longo libelo no quasi-stalinista "Observatorio da Imprensa" onde se lamenta pela crueldade com que teria sido condenado o pobre assassininho. A certo ponto ela grita, chorosa:
"De que mal padece o Champinha, senão de um mal social, econômico e cultural? Nossa mídia vai atrás de vozes que dizem ser o Champinha um monstro. Um monstrengo com falta de inteligência, que não conseguiu sequer aprender a ler. E porque não conseguiu? E como não conseguiu?"

Calma, calma. Nao e' tudo! Muitos paragrafos depois, ela arremata:
"Mas por que ninguém levanta a hipótese de esse adolescente – doente, frio, perverso, ou seja lá o que for que os delegados julguem que seja – ser tratado, bem tratado por uns 10 anos? Dez anos de escola, de direito à natação, de direito a produção de trabalhos, desenhos, de direito a um médico de nível, direito ao arrependimento, a alguma reparação, nem que seja apenas a suspensão voluntária de atos como o que já cometeu?"

Deixa ver se eu entendi direito - a autora supracitada, nao satisfeita em condenar quem condena um assassino cruel e confesso, atribuindo as culpas de seus instintos barbaros 'as injusticas sociais (como se em nosso pais nao existissem pessoas que passaram pelas mesmas injusticas sem terem se transformado em homicidas patologicos, ou estes mesmos homicidas nao existissem em paises onde tais injusticas nao afligem a sociedade), ainda sugere - passando um pito em quem pensa o contrario - que deveriamos premia'-lo pelos seus atos! Matou, estuprou, arrancou o seio fora, degolou? Ok, vem ca', you poor thing - nao tenha medo, por 10 anos vamos te paparicar, dar escola, natacao (!), emprego, lazer e atendimento medico "de nivel" - em suma, daremos a voce, criminoso desequilibrado da pior especie, uma vida que a maioria da populacao brasileira nem sonha em ter. Parece logico, nao? No artigo inteiro da tresloucada mulher, nem uma palavra sobre o sofrimento da vitima, e de suas familias, completamente devastadas pelos atos de uma pobre vitima de nossa sociedade cruel, materialista e capitalista.

O mais triste e' saber que existem muitas Claudias Rodrigues, espalhadas pelas escolas, universidades e redacoes do nosso pais. Claro que nao entre o povo - pessoas assim sao, numericamente, uma minoria ridicula, nao passando de uma parcela restrita, embora significativa, da classe media brazuca - cujo exemplo pode ser visto com alguma frequencia, por exemplo, no Rio de Janeiro, entre outros lugares - de inclinacoes aberta e despudoradamente maso-esquerdistas. So' que e' gente que tem tido cada vez mais voz, e uma voz cada vez mais dominante na mesma midia de que adoram falar mal. E isso e' quase tao assustador quanto a existencia dos Champinhas.

posted by Blógico | 1:34 PM |