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segunda-feira, dezembro 13, 2004
Real Rio
"Isso é outro mundo. É o quinto mundo. Estatuto do Torcedor aqui não existe."
Depoimento de um "diretor" da torcida "Os Fanáticos", do Atlético Paranaense à Folha de S. Paulo, depois do jogo de ontem contra o Vasco, em São Januário.
Normalmente desprezo com todas as minhas forças torcidas "organizadas" e todos os integrantes delas, e acho uma tolice incompreensível que a imprensa fique dando voz aos descamisados idiotas que se intitulam diretores e presidentes delas; mas dessa vez o sujeito aí tem razão, e muita. Se futebol no Brasil é uma zona, no Rio a bagunça atinge níveis inimagináveis - especialmente em jogos do Vasco. Dirigentes de futebol não primam pela honestidade ou pelo brilho de suas mentes; mas a simples existência de alguém como Eurico Miranda no futebol daquele estado, e o poder que tal excremento detem define a situação lamentável deste lugar que, dizem, já foi maravilhoso. Ontem o caos não foi diferente: milhares de pessoas com ingresso não conseguiram entrar no estádio, graças a desorganização na venda dos ingressos, e causaram tumulto com a polícia militar, enquanto outro grande número de torcedores invadia o estádio pulando muros e portões. O dirigente do Vasco, que nutre uma rivalidade pública com o presidente do Atlético, avisara publicamente que iria cortar a água do vestiário do time visitante e não forneceria segurança a eles. Após o jogo, e a vitória (inesperada, diga-se de passagem) de seu time, o paspalho fanfarrão desceu no campo e comemorou com a torcida, lançando bravatas contra tudo e todos para a imprensa carioca, bairrista e ass-kisser como sempre.
Isso tudo já não é de hoje, como qualquer um que acompanha o futebol brasileiro sabe; em 1999, durante o jogo Paraná x Vasco em São Januário, também pelo campeonato brasileiro, Eurico invadiu o campo após o juiz expulsar o terceiro jogador do time local e conseguiu miraculosamente interromper a partida. Em 2001 o gordo bundão supracitado impediu que a partida entre o mesmo Atlético Paranaense e o Vasco fosse iniciada às 14h30, como estava programada, expulsando o juiz do gramado até que ele julgasse conveniente que o jogo começasse. No ano passado, após a derrota do time do Coritiba para a equipe da casa por 2 a 1, Eurico "dispensou" os serviços da polícia militar ao final do jogo e, não-coincidentemente, logo após isso um grupo de torcedores vascaínos invadiu e apedrejou o ônibus da equipe visitante, agredindo jogadores e até mesmo o técnico rival. Se isso não é no man's land, eu não sei o que pode ser.
Se o Brasil é o cu do mundo, o Rio de Janeiro é a hemorróida dele. Que me perdoem os meus amigos cariocas, mas só volto a levar esse lugar a sério o dia que eu ver o Eurico e mais uma meia dúzia de outros caras aí empalados em praça pública.
Ok, ok. Quando escrevi o post tava com muita raiva. Tinha acabado de ver tudo isso filmado; agora passou. Claro que como todo brasileiro gosto do Rio, e no fundo tenho mais pena do que qualquer outra coisa por tudo o que está acontecendo por lá. Tomara que tudo melhore logo para que nós paulistas e todos os outros farofeiros do Brasil possamos voltar a invadir suas praias.