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Rafael/Male/26-30. Lives in Brazil/São Paulo/São Paulo/Itaim, speaks Portuguese and English. Uses a Faster (1M+) connection. And likes History/Arts.
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segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Ode ao imigrante ilegal
The Terminal, de Steven Spielberg, é o que se pode chamar de uma verdadeira bomba, e assisti-lo é uma experiência quase tão ruim quanto esperar um vôo num terminal de aeroporto. O script é terrível, e a profundidade dos personagens é a que se pode esperar de um filme de Spielberg - rasa como uma piscina Regan. Tom Hanks faz o seu papel tradicional, o de semi-retardado mental inocente-ingênuo-engraçadinho - e dessa vez completamente insano - que é submetido a uma série de intempéries e sobrevive apenas para no fim triunfar gloriosamente sobre todas elas num final feliz meloso e babão. Sounds familiar? Oh, well, it is. O "humor" do roteiro é inacessível a qualquer um que tenha mais de 12 anos e/ou 80 de QI; a maioria das piadas Trapalhões-like envolve a pronúncia incorreta de palavras em inglês pelo personagem de Hanks (he cheats vira eat shit, esse tipo de coisa) - e é digna de menção a velocidade absurda com que o insuspeito estrangeiro, cujo conhecimento de inglês ao chegar na América se resume a um sonoro e feliz yes! que ele responde a tudo que lhe é perguntado, aprende a língua - aprende-a, aliás, bem o bastante para se comunicar com todos que o cercam, e isso contando apenas com noticiários de TV, placas de publicidade do terminal e guias de Nova York em inglês e na sua língua natal. Como em todo filme de Spielberg, há uma abundância quase repulsiva de cenas ultra-piegas supostamente emocionantes (como a em que o personagem principal ajuda um russo a recuperar os remédios para o seu pai moribundo que foram apreendidas pelos malvadões da imigração, ou a dos dois funcionários do aeroporto se casando graças ao nosso herói).

Ok, ok, falhas e furos no roteiro normalmente são coisas que não devem ser levadas muito em conta no cinema, senão sobra muito pouca coisa pra se ver - mas quando o argumento do filme inteiro é centrado numa imensa implausibilidade, creio que pode-se dizer que extrapolaram de tal maneira os limites que fica duro de suportar. Já de cara a possibilidade de um país "deixar de existir" legalmente devido a um golpe de estado não faz muito sentido; a chance disso ocorrer durante um vôo é altamente improvável, e a chance de aeroportos num país a quilômetros de distância já terem sido devidamente informados sobre isso é ainda mais. E ainda que, và bene, isso pudesse acontecer, a chance disso afetar os passageiros provenientes deste país de tal maneira que eles não pudessem nem mais entrar em outro país não me parece nem um pouco crível. O fato da toda-impiedosa imigração norte-americana resolver lidar com o passageiro desta maneira tão amadorística, soltando no aeroporto um maluco em potencial é ainda mais duro de digerir - não mais porém do que a possibilidade de que o sujeito consiga viver nessas condições por um bom tempo, chegando até mesmo a conseguir ganhar dinheiro (!), fazer amigos, tornar-se imensamente popular entre os trabalhadores do terminal e até mesmo ajudar as outras pessoas.

Não bastasse tudo isso, ainda querem que acreditemos que um estrangeiro de meia-idade, sem documentos e sem um puto no bolso, que mal fala inglês e passou semanas sem tomar banho ou trocar de roupa consegue pegar a Catherine Zeta-Jones - aliás, não só isso, ela é que o convida pra jantar - duas vezes!

De qualquer maneira, não veja o filme. Vai por mim. Ou melhor, dependendo das circunstâncias, veja - li em algum lugar aí da internet alguém demonstrar uma certo preocupação de que esse filme pudesse passar durante uma viagem de avião e, sinceramente, não entendo tal preocupação. Sonífero melhor não há.

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