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domingo, abril 17, 2005
egotrips terceiro-mundistas Argentinos reclamam sem parar que o seu compatriota preso semana passada teria sido "tratado como um criminoso" (a Globo traduziu pra tratado como um delinquente). Não, Desábato não foi tratado como um criminoso. Pelo menos não um criminoso brasileiro; se fosse, antes de tudo teria que ter sido preso por racismo e não "injúria racista", ou qualquer que tenha sido sua acusação - e estaria preso até agora, por consequência, já que este é um crime inafiançável - além de ser indiciado por desacato à autoridade com seus companheiros (os argentinos primeiro riram dos policiais e depois resistiram à prisão, correndo para o vestiário... experimente fazer isso na próxima vez que um delegado de der voz de prisão). Depois, na delegacia, teria sido achacado pelos policiais, provavelmente estapeado, teriam pedido dinheiro dele, e na sequência teria sido jogado numa cela lotada de gente onde teria sido espancado novamente (se não estuprado), e não numa "confortável" cela individual onde pôde receber colchões e massagem (!).
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Sobre esse questão, tanta besteira já foi dita que sinto-me constrangido a opinar. Vou fazê-lo mesmo assim; bear with me. Que o cara deveria ter sido preso não resta dúvida; todo mundo sabe que a maioria dos argentinos, principalmente jogador de futebol, é folgado e falastrão (aquele vídeo do Maradona gordo, escrotaço, falando da água que deram pro Branco até hoje me dá engulhos), e se em todo jogo pelo menos um deles for parar no xilindró talvez eles acabem baixando a bolinha. Agora, a mentalidade do lado de lá dificilmente vai mudar com isso tudo; essa história de que "estamos dando um exemplo para o mundo" foi a piada do milênio até agora. O delegado Nico dando exemplo para o mundo? Puuuuhlease.
O exagero disso tudo foi patente; era realmente necessária tamanha mobilização policial para prender o sujeito? Oito ou nove policiais escoltando um sujeito desarmado que havia apenas cometido um "crime" verbal? Alguém tem as estatísticas de quantas pessoas foram assaltadas na cidade de São Paulo enquanto aqueles policiais brincavam de benfeitores da humanidade?
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Racismo existe tanto no Brasil quanto na Argentina, é uma afirmação um tanto óbvia mas real. Muito menos aqui que lá, claro; e a grande diferença é que o fato do politicamente correto, que em outras ocasiões eu tanto desprezo, ser aqui tão difundido, serve pra pelo menos uma coisa: "desinstitucionalizar" esse racismo. Aqui pegaria incrivelmente mal uma revista ou jornal estampar uma manchete de capa do naipe do "Que vengan los macacos", que um jornal argentino publicou durante as Olimpíadas de Atlanta quando antecipavam um Brasil x Argentina que acabou não acontecendo. Lá, pelo visto, como diria o Luxemburgo, vale todo.