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Rafael/Male/26-30. Lives in Brazil/São Paulo/São Paulo/Itaim, speaks Portuguese and English. Uses a Faster (1M+) connection. And likes History/Arts.
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terça-feira, agosto 23, 2005

Judge not lest ye be judged
Matéria excelente no Newsnight da BBC, falando sobre a visita hipócrita e show-off dos emissários de Lula para "cobrar explicações" do governo britânico. O programa é excelente, quase sempre abordando de maneira adulta (ao contrário do resto da grande mídia, até mesmo no Reino Unido) e os seus apresentadores "titulares", Kirsty Wark e Jeremy Paxman, têm mais talento e carisma em cada pé do que todo o conjunto da equipe de jornalismo da Globo desde sua fundação. "Quantas famílias têm, no Brasil, o tratamento que a família de Jean Charles de Menezes tem, ao procurar saber detalhes das circunstâncias em que seus parentes foram assassinados pela polícia de seu próprio país?" é a pergunta retórica que faz a certo momento a repórter responsável pela matéria. Ao mencionar esse curioso double-standard para um dos diplomatas-bundinha mandado por Lula, na entrevista coletiva deles, a jornalista obteve uma resposta vaga e evasiva, e o famoso "next question?".

Um dos entrevistados pela matéria, ex-correspondente de algum jornal britânico no Brasil, ainda especulou qual, provavelmente, teria sido a reação dos membros da polícia brasileira que tivessem cometido algo similar ao fuzilamento sumário de Jean Charles no Bananil, e o que aconteceria com eles. Ameaças a testemunhas, interdição e adulteração da cena do crime, e muito provavelmente aquele célebre silêncio corporativo que envolve as denúncias contra a polícia em nosso país. E mostrou aquele vídeo já notório em que um suposto criminoso , no Rio - se não me engano - foi arrastado no asfalto pelo colarinho, diante das câmeras da Globo, para trás de uma Kombi, e executado com três tiros na cabeça. O policial pegou três anos de cana, e foi posto na rua. O "Rambo" de Diadema, como eu já disse em alguns posts atrás, já está "quase" na rua, graças àquela palhaçada conhecida aí como regime semi-aberto - mais uma das curiosas peculiaridades do nosso sistema penal que, como visitas íntimas e televisões em penitenciárias, insistimos em tolerar.

Um país assim tão "escolado" em execuções nas mãos dos que deveriam manter a lei reagiria com uma boa dose de realismo, e até frieza, com a notícia da morte de um cidadão seu nas mãos da polícia, não? Claro que não. O brasileiro não é nada senão teatral, e a hipocrisia é um de nossos traços tão característicos que deveria estar no hino nacional. A BBC leva ao ar trechos do Jornal Nacional, e surge a voz familiar do William Bonner, num dos quatro ou cinco tons que os âncoras brasileiros assumem, de acordo com o teor da matéria (desta vez é o "indignado"): "a polícia brasileira matou (ênfase exagerada no matou) um brasileiro..." Pelo que ouço falar, o assuntou dominou o noticiário (se falou muito mais da morte do Jean Charles do que das dezenas de pessoas que morreram nos atentados de 7 de julho, no mesmo metrô londrino), e gerou aquela irracional revolta que se vê sempre que os gringos - sejam eles argentinos, yankees ou ingleses - mexem com a gente. Nessa hora o brasileiro médio, lívido de raiva, adota a mesma empáfia e arrogância que um chihuahua ou um fox paulistinha, na segurança da coleira do dono, têm ao latir histericamente pro rottweiler do outro lado da rua. E, no caso do Jean, tá na cara que essa revolta toda não é pela morte do brasileiro em si, mas só porque foi um "gringo" que o matou; quando é brasileiro que mata brasileiro, a gente não tá nem aí. Afinal brasileiro que é brasileiro odeia o Brasil - mas adora vestir camiseta verde-amarela quando vai pro exterior, e dizer que "é brasileiro, com muito orgulho, com muito amo-ô-or". E uma pergunta que a repórter inglesa não fez no programa continua ecoando, muito tempo depois do programa ter terminado - quantas destas pessoas que tiveram ataques de histeria com a morte do tal sujeito, têm uma fração sequer desta revolta cada vez que ouvem que um inocente foi morto pela polícia brazuca?

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