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terça-feira, setembro 06, 2005
The fingerpointing vultures A histeria dos armchair generals e monday morning quarterbacks brazucas aumenta a cada imagem de sofrimento que nos chega da Lousiana e do Mississipi. (Aliás, a quantidade de "entendidos" que se encontra no Bananão a cada acontecimento mundial - tanto no campo militar como na área de desastres naturais - é tanta que chego a ficar aliviado, sabendo que nosso país estará seguro no caso de qualquer eventualidade, seja ela uma invasão estrangeira ou um desastre natural de proporções bíblicas.) Até mesmo na nossa imprensa, a única voz sensata de que tomei conhecimento veio d'além-mar.
"Não existe nenhuma relação comprovada entre aquecimento global e furacões desta magnitude. Sorry, patrulhas. Na década de 1950, e de acordo com o "Times" londrino, os Estados Unidos foram atingidos por 37 tempestades violentas. Na década de 1990, por apenas 19. É provável que o aquecimento global, sobre o qual não existe ainda definitivo consenso, reforce a intensidade dos furacões. Mas até isso é discutível: na década de 1950, dez furacões apresentaram valores extremos. Na década de 1990, apenas cinco. A ciência, ao contrário da fé, se discute.E sobre os homens no Iraque, nenhuma atenção aos números: segundo o "The Wall Street Journal" da passada semana, a Guarda Nacional do Louisiana enviou 3.000 homens para o Médio Oriente. Em Nova Orleans, ficaram 8.000, sem contar com os milhares de reforços dos estados vizinhos. Três mil homens não param ventos e não colhem tempestades.
Nada disto significa ausência de erros. Houve negligência local, estadual e federal, sim, apesar dos constantes apelos para que as populações abandonassem a cidade. A ajuda também demorou a chegar --incompetência grave, sobretudo num país com riqueza fahrenheit. E a falta de investimento no reforço dos diques --uma constante ao longo de vários governos-- foi uma sucessão silenciosa de pequenos crimes contra uma cidade construída em local vulnerável, corria 1718.
Mas o fanatismo continua, indiferente a pormenores. E continua porque encontrar um responsável --seja Deus, seja Bush-- tranqüiliza a nossa condição. Ou, dito ainda de outra forma, acreditar na responsabilidade de Deus, ou de Bush, permite iludir a verdade mais cruel: séculos e séculos de "humanismo" ocidental e continuamos a ser material dispensável quando a natureza desperta para nos devorar. Não há ego que resista à marcha fúnebre de Nova Orleans."
João Pereira Coutinho, na Folha - encontrado, como o último post, de maneira Acidental.