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domingo, setembro 11, 2005
Urubuzando O alarmismo dos que esperavam pelo pior em New Orleans surpreendeu mais que a catástrofe em si. Dezenas de milhares de mortos, diziam; a cidade demorará quem sabe até uma década para se recuperar minimamente, e provavelmente nunca será a mesma. Pessoalmente, não dei ouvidos a esse pessoal; a capacidade dos Estados Unidos de se superar, surpreendendo e contrariando a todos, sempre foi uma de suas qualidades fundamentais, testada ao longo da história - a mais recente, há exatamente quatro anos atrás. Agora vemos que o número de corpos encontrados na cidade é consideravelmente menor do que o previsto, e que a maior parte da cidade talvez já tenha sido drenada daqui a um mês.
Um jornalista do Independent fez há alguns dias uma das poucas perguntas realmente relevantes neste momento - será que New Orleans realmente merece ser reconstruída? Boa parte da cidade - excluindo-se, obviamente, partes historicamente valiosas como o Bairro Francês, que foi relativamente pouco atingido pelas enchentes - consiste, segundo ele, de prédios feios, subúrbios dilapidados e slums horrendos. Valeria a pena tamanho investimento para reconstruir tudo, e reassentar pessoas nessa área de risco? Os mais sentimentalóides podem argumentar, com alguma razão, que seria um tanto cruel remover tantas pessoas do lugar onde nasceram e foram criados, mas tough luck - não seriam as primeiras pessoas na história do ser humano a serem expulsas de algum lugar pela fúria da natureza (e pela inconsequência estúpida dos homens que primeiro tiveram a brilhante idéia de construir ali uma cidade).