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sexta-feira, setembro 14, 2007
Il suo mistero è chiuso in se E morreu o gordaço. Em artigo hoje pra Folha de SP, Cony chama a voz do Pavarotti de "bonita". Sinceramente, não consigo entender que tipo de surdez seletiva faria com que uma pessoa que já ouviu a voz de Gigli ou Caruso -- e, se não me engano, até as elogiou -- chamar aquele ruído monotônico de "uma voz bonita". Pavarotti conseguia apenas gritar, com uma intensidade ensurdecedora, um ou outro agudo mais flashy, sem nem ter a precisão necessária para tanto. Seu repertório, que nunca passou das óperas mais poponas de Verdi e Puccini, passou lentamente para música popular italiana de quinta; aliás, graças a ele e aos outros Três Patetas, muita gente (especialmente no Brasil) acha que O sole mio e Funiculì funiculà é ópera, ou urrar furiosamente um dó de peito é virtuosismo operístico.
Pavarotti nunca foi um cantor bom; algumas imagens em preto-e-branco mostram que ele tinha algum potencial, quando jovem, mas sua voz acabou tendo planos diferentes para sua carreira e ele desenvolveu aquele timbre desagradável, que o Paulo Francis certa vez comparou a um "ralo sendo desentupido". Quem gosta mesmo de ópera não o suporta. Prova disso são as vezes em que foi escorraçado do Scala de Milão, sob vaias gerais, como aliás seu grande amigo Roberto Alagna o foi recentemente. Cantores como ele e Carreras fizeram mais mal do que bem à ópera e à música clássica, perpetuando o estereótipo ridículo do cantor gordalhão e estreloso, todo histriônico e cheio de maneirismos. Entre outras coisas fez com que, por exemplo, os ricos brasileiros achassem que entendiam do assunto apenas porque tinham uma coletânea dos "sucessos" deles (Torna a Sorrento, Manhã de Carnaval) ou um CD da Caras onde um deles cantava com Bono ou qualquer outro idiota.
Ainda assim, que descanse em paz. Até que era uma figura simpática. Requiem aeternam dona eis etc etc.