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sábado, outubro 20, 2007
Em defesa dos truta Que Bráulio Mantovani, roteirista de Cidade de Deus e Tropa de Elite não é alguém dotado de um intelecto muito privilegiado, qualquer um que viu estes filmes já sabia; a quantidade de furos nos seus roteiros demonstra no mínimo uma falta de contato ou um desprezo completo por detalhes ínfimos como lógica e realidade.
Hoje, numa entrevista na Folha, Bráulio saiu repetindo clichês como se fosse um dos ONGuistas do seu próprio filme. Entre outras barbaridades, diz que a culpa pela violência é das "classes privilegiadas" (clichê alert); por pagarem salários de fome (sic!) para seus porteiros, empregadas e faxineiros, policiais e professores, devem se conformar em ser assaltados e agradecer por estar vivos. Bom, last I checked não eram professores, empregadas e porteiros que cometiam sequestros-relâmpagos, nem eram mortos de fome que saíam assaltando por aí (pelo contrário, a se julgar pelo porte físico, muitos dos bandidos são mais bem-alimentados que eu). Mas Bráulio prefere ressucitar o cadavérico lugar-comum de que "a culpa é da pobreza", porque, afinal de contas, ele é "artista" e, portanto, mais antenado, descolado, e conhece mais da realidade dos correrias que eu ou você, da elite perversa.
Mais adiante, na entrevista, ele manifesta uma certa preferência pelos traficantes à polícia, porque, segundo ele, "em alguns casos, é possível conversar com os traficantes. Com a polícia, salvo engano de minha parte, essa possibilidade não existe." Waaal.
Falar o quê? É aquele velho complexo de culpa que acomete a metade esquerda das elites brasileiras, esse masoquismo tão típico da nossa classe média "bem-pensante". Sentem-se tão culpados por tudo, os pobrezinhos, até mesmo pela canalhice e falta de caráter dos outros. Coitados. Acabam eles próprios passando por canalhas.